CANANÉIA
Este fim de semana, estivemos num santuário ecológico; uma
das áreas de mata atlântica mais preservadas do Brasil: o Lagamar, na divisa
dos estados de São Paulo e Paraná.
Conduzido pelo amigo Heron Mathoso, o grupo de cerca de 30
pessoas fez, primeiro, no sábado, uma gostosa caminhada de 17 km, entre a vila
de Itapitangui e a cachoeira Mandira, na reserva extrativista e colônia
quilombola do mesmo nome. O clima agradável, de temperatura amena e sol
encoberto por nuvens, deixou a caminhada ainda mais especial.
A região do rio Mandira é um local de preservação. Aliás, o
termo reserva extrativista está diretamente ligado à preservação do meio
ambiente e recursos naturais, seu território e a diversidade biológica, por
isso é chamada também de Unidade de Conservação da Natureza, onde há um cuidado
especial do governo federal, com a manutenção de populações tracionais (como os
quilombolas), que sobrevivem do extrativismo, agricultura de subsistência e
criação de animais de pequeno porte; essas unidades protegem além do meio
ambiente, o meio de vida, cultura, e o uso sustentável dos recursos naturais.
Depois da caminhada veio o delicioso almoço na reserva,
antecipado por saborosas ostras frescas, cultivadas naquele local, além de
mandioca frita, acompanhadas da pinga cataia, chamada de “uísque caiçara”,
feita a partir das folhas da planta, que fica por tempos curtindo dentro da
cachaça. A planta cataia está presente em toda a região do lagamar. Comida
farta e saborosa, que repôs a energia de todos, num ambiente extremamente
acolhedor e festivo.
Dormimos em pousada de Cananéia, para no domingo pela manhã,
pegar lanchas voadeiras com destino à ilha do Cardoso. Dividido em três
embarcações, o grupo seguiu feliz, mesmo com a chuva se avizinhando e querendo
diminuir o ânimo de todos. Logo em seguida veio a recompensa: golfinhos
cercaram os barcos no canal de Cananéia, entre a Ilha Comprida e a Ilha do
Cardoso, onde já se pode avistar o mar aberto; o sol voltou a dar as caras como
num encanto, talvez atendendo ao pedido de todos.
Registros fotográficos feitos, muitas brincadeiras, e
aportamos no Parque Estadual da Ilha do Cardoso, onde fomos recebidos por guias
locais, do núcleo Perequê, que, a partir dali, obrigatoriamente nos conduziriam
até o Poço das Antas, uma de tantas atrações da ilha, a última do estado de São
Paulo, antes de passar a vez das belezas do lagamar para o Paraná. O Parque foi
criado em 1962, e lá são encontrados todos os tipos de vegetação da Mata
Atlântica.
A variação dessa vegetação foi percebida pelo grupo logo no
início da caminhada, de 8 km, ida e volta, dentro da mata, cruzando manguezais
e o rio Perequê, que em tupi significa “entrada de peixe”. No começo plantas
rasteiras, principalmente bromélias, muitas bromélias, que ao longo do caminho
escasseiam no chão e aparecem mais sob as árvores; também vimos orquídeas,
entre elas a da espécie “vanila”, que dá origem à baunilha; vimos também a
drósera, uma pequenina planta avermelhada carnívora (ou insetívera); vários
tipos de liquens, uma mistura de algas e fungos. No manguezal avistamos
caranguejos “maria mulata” (aqueles vermelhinhos que as aves guarás apreciam
muito), “uça” e “chama-maré”.
Mais para frente árvores mais frondosas, como o araçá, que no
começo do Parque aparece pequena, com diversos caules, beges, depois aparece
com um caule só, mais largo e, surpreendentemente, quase branco. Também tem
Timbuva e Guapuruvú, com troncos largos e de madeira leve, apropriada para
fabricação de canoas. Antigamente as canoas eram construídas pelos nativos no
meio da floresta, perto dos igarapés, para facilitar a chegada ao rio e,
finalmente, ao mar.
Passamos pela trilha que leva a uma tribo indígena, mas para
visitá-la há necessidade de autorização especial antecipada do cacique e da
Funai. Logo chegamos ao Poço das Antas, local belo, com piscinas naturais
formadas nas águas claras do rio. Um local especial e que vale a caminhada.
Infelizmente não cruzamos com animais que vivem na região, como a jaguatirica,
a onça, o veado mateiro, o tatu, lagartos e o porco-do-mato, entre outros.
Pássaros diversos habitam ou circulam pela região, e o grito forte da araponga
acompanha praticamente toda a caminhada.
Retornamos ao Núcleo para um belo almoço caseiro, preparado
por uma das irmãs da família caiçara de onze irmãos, que de uma forma ou de
outra, vivem em função das belezas naturais da Ilha do Cardoso, no turismo,
transportando pessoas em barcos, servindo de guia, hospedando e servindo
comida, ou mesmo na extração sustentável dos recursos imensos que a natureza
lhes oferece. Visitamos o museu e, por último, antes de embarcar para Cananéia,
conhecemos um Tambaqui (também conhecido por Sambaqui – existe mais de vinte na
Ilha), porção de conchas, em forma de morros, feitas pelos índios há mais de
dois mil anos, num ritual que até hoje é estudado.
Obrigado Heron, obrigado a todos pela agradável companhia
deste fim de semana de início de outubro.
"Sérgio Riekes"
Aqui as Fotos da Caminhada Cananeia 05/10/2013
Abraços
Heron Mathoso
41-9917-8372
41-3247-6123
www.naturezarlivre.blogspot.com
heronmathoso@gmail.com
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